Arquivo para Nick Cave And The Bad Seeds

rock my world

Posted in canções fundamentais, estante, Genealogias de minhas paixões, homenagens, listas, musique non stop with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 14/07/2012 by coelhoraposo

Ontem foi o dia do rock, bebê! Mas me deu preguiça de postar algo sobre. Mas resolvi fazer uma listinha rápida dos maiores nomes de todos os tempos da história da humanidade de todas as galáxias do meu mundo. Por motivos óbvios (e também para caber mais gente), Beatles e Rolling Stones ficaram de fora. São hors-concours. Assim, escolhi os 20 nomes que representam o que eu considero como a créme de la créme e que sempre estão e estarão presentes nos meus cd-players, ipods, toca-discos e afins. Separei 10  bandas e 10 artistas fundamentais para sintetizar o que o rock signific pra mim. Ah, e em ordem alfabética, porque hierarquizá-los seria covardia, ok? Vamos lá!

  • Cream, porque com eles o rock virou gente grande. Agradeçam ao blues;
  • Deep Purple, porque fizeram o riff mais incrível de todos os tempos, o de “Smoke On The Water”, é claro.;
  • The Doors, porque elevou a beleza poética das letras do rock para níveis estratosféricos. Além de ter o maior band leader que uma banda poderia ter;
  • Os Mutantes, porque é a banda mais incrível já formada neste Brasilzão de meu deus;
  • Nick Cave And The Bad Seeds, porque quando você quer rimar amor com dor, misturar religião e morte e outros temas tão singelos quanto esses, você sabe a quem recorrer;
  • Pink Floyd, porque os caras inventaram o rock progressivo sem ficar chatos como o resto do rock progressivo. Além de capas de disco memoráveis;
  • Queens Of The Stone Age, porque um belo dia um tal Joshua Homme chutou a porta da casa do rock e disse: que merda é essa que você se tornou?? Vamos simplificar isso aqui e parar com frescura, porra!”
  • Roxy Music, porque rock também é estiloso, cool, glamouroso e tem o crooner mais charmoso de todos, Bryan Ferry;
  • Talking Heads, porque o rock também pode ser cabeça (não foi um trocadilho proposital, eu juro!);
  • The Who, porque é minha banda do coração e representa toda a revolta juvenil represada do pós-guerra.

E claro, temos aqueles que eram/são estrelas por si só:

  • Bob Dylan, porque… precisa mesmo explicar?
  • Chuck Berry, porque é fundamental reverenciar o pai, certo?
  • David Bowie, porque ninguém consegue se reinventar reinventando tudo ao seu redor como ele;
  • Frank Zappa, porque ele é o recordista de aparições na minha discoteca: aparece umas 50 vezes;
  • Janis Joplin, porque ela é A voz do rock and roll;
  • Jerry Lee Lewis, porque ele (e não o Elvis) deveria ser chamado de rei do rock;
  • Jimi Hendrix, porque ninguém explorou a guitarra elétrica como ele;
  • Johnny Cash, hello, he’s Johnny Cash!
  • Júlio Barroso, porque ele acabou com o marasmo progressivo ao trazer a new wave pro Brasil
  • Raul Seixas, porque ele representa o rock brasileiro como ninguém;
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E como os Rolling Stones completaram 50 anos de carreira nesta semana que passou, um pouco de Stones como banda de apoio do ídolo-mor de Keith Richards (e de praticamente todo roqueiro que se preze), Muddy Waters:

atualizando a discoteca

Posted in estante, Genealogias de minhas paixões, musique non stop with tags , , , , , , , , , on 05/12/2011 by coelhoraposo

Sim, eu sou daqueles que ainda compram discos, não somente vinis mas cd’s também. Ir a uma loja para comprar discos é algo cada vez mais raro num mundo internético onde tudo está disponível para baixar, ouvir etc e tal. Podem tirar qualquer tipo de conclusão disso, mas gosto da posse e, em muitos casos, compro como uma forma de estimular e apoiar meus artistas preferidos que, em sua maioria, são independentes e têm na mídia física uma maneira de divulgação e, obviamente, de renda.

Outra paixão que tenho é a pechincha. Durante anos fui um rato de sebo e um garimpador quase profissional nas cestas de promoção de cd’s dos carrefour e das lojas americanas da vida. Foi assim, por exemplo, que comprei toda a discografia (até àquela época) de Nick Cave And The Bad Seeds a R$ 4,90 cada exemplar no Carrefour. Ou então, o fantástico Itamar Assumpção Canta Ataulfo Alves, creio que na mesma compra do Nick Cave (e pelo mesmo preço) – responsável por me apresentar o gênio no Nego Dito. Já gastei uma pequena fortuna em vinis na Musical Center, Sebo do Messias, Pindorama  e, claro, na meca da discofilia nacional: a Baratos Afins.

Nos últimos anos tal prazer se arrefeceu devido a uma série de fatores, mas o primordial foi o de não ter onde guardá-los e me dói o coração toda vez que lembro que boa parte dos meus discos estão mal acondicionados em um depósito em Manaus enquanto não consigo resgatá-los e trazê-los para Brasília… Porém contudo todavia, nos último ano fiz quatro compras de atacado que merecem destaque: uns 40 (com coisa muito boa e algumas nem tanto) de uma loja que havia fechado as portas, a coleção magnífica do SESC de música brasileira , meus preciosos vinis e a coleção de jazz adquiridos recentemente no Canadá e os 18 títulos que comprei do gente fina André Panizza, amigo do amigo Palandi, que compartilha comigo dessa paixão pela compra de música em mídia física.

Nada como um monte de música boa para acompanhar uma fase de mudanças…

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os mimos:

NOTA: Segundo Panizza, o créme de la créme desses discos atende pelo nome de “Teenager Of The Year”, do vocalista do Pixies. Se é o melhor eu não sei, mas ao escutá-lo no carro enquanto enfrentava o trânsito da EPTG, tive a certeza de que fiz uma ótima aquisição.

os 25 álbuns que mudaram o (meu) mundo – parte 5 de 5

Posted in listas, musique non stop, os 25 álbuns que mudaram o (meu) mundo with tags , , , , , , , , on 01/07/2011 by coelhoraposo

Movido por uma espécie de necessidade de auto-conhecimento, decidi há longínquos 12 meses relacionar aqueles álbuns que foram pontos de mudança na minha vida. Depois dessa longa jornada apresento a quinta e última parte da listinha dos 25 álbuns que mudaram o mundo, o meu mundo, pelo menos.

*  *  *

Songs for the Deaf, 2002 – Queens of the Stone Age

 

Seria impensável eu fazer uma listagem dessas sem colocar algum álbum do Queens of the Stone Age, ou simplesmente QOTSA, banda liderada pelo magistral Josh Homme que tive o prazer de conhecer por intermédio da minha queridíssima salve-salve Lisa, companheira de tantas aventuras da minha vida. Foi difícil escolher um álbum específico do QOTSA porque acho todos eles fantásticos, mas com certeza este aqui é o mais coeso de todos e faz o que poucas bandas fazem atualmente com maestria: rock’n’roll da melhor qualidade sem frescura, firulas ou concessões.

 

Quase todo esse disco é composto por parcerias entre Homme e o baixista Nick Olivieri (aquele mesmo que ficou peladão no show do Rock in Rio 3). A banda-base é formada neste disco por Mark Lanegan (Screaming Trees) nos vocais, o fenomenal Dave Grohl (a alma do Nirvana, segundo muitos) na bateria, além de Josh Homme na guitarra e Olivieri no baixo.

Não tenho muito a dizer aqui, só que este foi o álbum que me reapresentou ao mundo do rock atualizando minhas referências roqueiras para o século 21. Aqui, menos é mais!

Tender Prey, 1988 – Nick Cave And The Bad Seeds

 

Quando começam os primeiros acordes da guitarra do alemão Blixa Bargeld em The Mercy Seat, faixa que abre Tender Prey, rapidamente me transporto para uns 20, 21 anos atrás: SQS 106, Twin Peaks na TV (depois do Placar Eletrônico ou do Fantástico, não lembro bem), sessões domingueiras no Cine Brasília e, especialmente, Asas do Desejo, de Wim Wenders. Lembro da minha mãe falando baixinho pra mim: essa banda que está tocando no filme é aquela do disco que estava ouvindo mais cedo…

 

Esse foi meu primeiro contato com Nick Cave And The Bad Seeds, banda liderada pelo australiano Nick Cave e que neste álbum encontra seu auge, mesmo que a banda tenha álbuns antológicos como Let Love In, de 1994; The Boatman’s Call, de 1997 e mais recentemente, o duplo – em todos os sentidos – Abbatoir Blues/The Lyre of Orpheus, de 2004, já sem Blixa Bargeld.

As canções bem produzidas são de uma maturidade sonora poucas vezes ouvidas no rock. As letras inspiradíssimas de Cave, são um deleite à parte. Enfim, Nick Cave And The Bad Seeds é umas das melhores bandas surgidas na corrente do pós-punk, mas muito melhor… É uma pena que seja tão pouco conhecida, se comparada com sua importância e qualidade.

Tommy, 1969 – The Who

O álbum conta a história do menino que, ao presenciar a morte do padrasto pelo pai recém-retornado da primeira guerra mundial, fica surdo-mudo e não é entendido, é constantemente vítima do bullying (a palavra da moda!) do primo Kevin e do assédio sexual do tio Ernie, que encontra numa mesa de pinball sua redenção e seu meio de comunicação com o mundo que o cerca, se transforma numa espécie de guru, um novo messias que logo passa a ser objeto de adoração e de rentabilidade para a família e que, perceber isso, manda seus seguidores o rejeitarem e perceberem o caminho da iluminação não está nos gurus de plantão, mas sim em si mesmos.

Tommy é um libelo contra a opressão, seja ela física, social, política, moral e espiritual. Canções maravilhosas e clássicos instantâneos do rock’n’roll como a imortal Pinball Wizard (que reza a lenda nem fazia parte do disco, mas que foi incluída para agradar um crítico da revista Rolling Stone). Enfim, um álbum que dispensa apresentações.

Urubu, 1976 – Antonio Carlos Jobim

Com o golpe militar em 1964 e a necessidade lutar contra o regime imposto pelas armas, a arte e a cultura de massas foram vistas por muitos intelectuais e artistas como uma das principais trincheiras de resistência. Para isso, era preciso rejeitar o que era “passado”. Some-se a isto o fato da ascenção do rock e da jovem guarda. Pronto, está pronta a fórmula que classificou a Bossa Nova como algo retrógado, “de burguês”, comodista e que não tinha valor político. Com isso, muitos de seus expositores foram do céu ao inferno, taxados de despolitizados, entreguistas, adoradores dos EUA etc. Naquele momento era “caminhar e cantar e seguir a canção” ou era ser um conformista que fala da “onda que se ergueu no mar”. Não tinha meio termo. Ninguém entendeu o que Tom Jobim e Chico Buarque quiseram dizer em Sabiá, o Maracanãzinho inteiro vaiou a canção: queriam algo didático, direto. Assim, a principal mente criativa do que se convencionou chamar de Bossa Nova, foi obrigado a partir para um auto-exílio nos EUA.

Foi nesse período em que ele se consolidou como um dos maiores nomes da música mundial, gravando, compondo. Mas isso não era o bastante: precisava desse país que ele chamava de seu mesmo sabendo que aqui não é o paraíso na terra. “O Brasil não é para principiantes”, afirmou certa vez, mesmo assim, tudo o que produzia o remetia à terra mãe. Este Urubu, sintetiza toda essa busca infinita pelo carinho materno da pátria. Só que Jobim dizia isso em acordes e em harmonias perfeitas, não mandava pegar em armas, estimulava uma emancipação pautada no belo e no amor coletivo pela sua nação. Esse foi seu grande pecado.

20 Preferidas, 1997 – Tom Zé

Quando se fala em Tom Zé, logo se fala do genial Estudando o Samba (1976), da capa antológica de Todos os Olhos (1973) ou ainda Com Defeito de Fabricação (1998), a volta triunfal de Tom Zé pelas mãos do talking head David Byrne. Mas existe um álbum meio esquecido na obra de Tom Zé, raríssimo de achar seja em vinil ou CD (sim, existe uma prensagem em CD): trata-se de Tom Zé (1970). Este álbum poderia ser encarado como o resultado de exercícios de composição que preparavam o Tom Zé que 2 anos depois lançaria álbum homônino, que seria rebatizado nos anos 80 de Se o Caso é Chorar (1972). Neste álbum de 1970, podemos encontrar um Tom Zé ainda preocupado com o formato tradicional da canção, flertando com a jovem guarda, distorcendo algumas guitarras e, principalmente desenvolvendo seus jogos de palavras e inserindo exercícios de poesia concreta em parte das canções – destaca-se aqui a influência e participação direta de Augusto de Campos no álbum.

“Mas peraí: o Thiago coloca um disco na lista e tá falando de outro?”, você pode estar se perguntando, mas acontece que por um desses caprichos insanos dessas gravadoras brasileiras, no caso a RGE (atualmente Som Livre, braço fonográfico da Globo), o álbum teve uma reedição obscura em CD e depois cometeram o crime de fazer esta compilação “frankenstein” (20 Preferidas) que inclui todo o álbum de 1970 mais alguns singles lançados por Tom Zé na década de 60 e algumas faixas do pouco conhecido Nave Maria (1984). O resultado é uma colcha de retalhos que, apesar de descaracterizar um álbum inteiro de Tom Zé, serviu pra mim para ser a porta de entrada para a obra de um dos artistas mais completos e geniais que a música brasileira já viu e, principalmente, ouviu.

*  *  *

Então é isso, 12 meses e 25 álbuns depois, estão aí os discos que mudaram minha vida e que continuam influenciando-a e abrindo novas portas. Claro que muitos outros poderiam estar nessa lista, mas estes 25 representam bem todos. Ou não…

continua