O grande tricolor Nelson Rodrigues dizia que o FLA x FLU começou “quarenta minutos antes do nada”. Isso talvez mostre a grandeza do maior clássico do futebol brasileiro. Difícil imaginar as tardes de domingo com um Maracanã lotado, não com 60 mil pessoas, mas com 160, 200 mil pessoas se apertando para ver desfilar no gramado bem cuidado do Estádio que carrega o nome do irmão rubro-negro de Rodrigues, o também jornalista Mário Filho; as estrelas da constelação das laranjeiras e a constelação da gávea.
Hoje teremos um Fla x Flu meio esquálido sem Zico, sem Rivelino, sem Ronaldinho Gaúcho, sem Fred… Mas principalmente, teremos um Fla x Flu sem o palco maior do futebol mundial. O Maracanã não mais existe, o estádio que ora é reformado por obscenos mais R$ 1.000.000.000,00 ainda carregará o nome, mas a mística, a história, os momentos de histeria coletiva e de silêncios ensurdecedores, essas ficarão no passado…
Mas algo que o Engenhão, vulgo Vazião, poderá testemunhar hoje em seu gramado de várzea será o surgimento do campeão brasileiro de 2011. Não tenho a menor dúvida que, caso haja vencedor, o jogo de hoje servirá para indicar qual torcida gritará “É campeão!” no dia 03 de dezembro próximo.
Eu gritarei “É hepta na raça!”. E você?
Big Bang Bang (ouça aqui!) (Caetano Veloso/Zé Miguel Wisnik, para o espetáculo “Onqotô” – Grupo Corpo)se tudo começou no big bang
só tinha que acabar no big mac
mas
se a partida já estava começada
quarenta minutos antes do nada
então
é
fla-flu
então
é
maracanã
lotado
de
pulsão
de
mais
e
o
sopro
divino
criador
cantou
fla-flu
faça
–
se
a
luz
flato-flou
flight-flucht
fiat lux
ptyx
e
expulsou
o
universo
do
universo
um